Os Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro, tem mostrado ao Brasil e ao mundo como o esporte é capaz de abrir novas perspectivas e levar os atletas com deficiência à superarem desafios, dificuldades e limitações.
O esporte transforma as pessoas em campeões, mas também requer esforço, dedicação e muito treino.
O fisioterapeuta esportivo Pericles Machado, responsável técnico da clínica Physio Athletic, ressalta que a própria rotina de treinos é um desafio para o para-atleta que precisa vencer ainda mais barreiras. “Qualquer atleta, olímpico ou paralímpico, que está treinando para qualquer competição, precisa ter foco, esforço e abdicação. No caso dos para-atletas ainda tem os desafios da acessibilidade, da locomoção e da inclusão”, explica Pericles.
O fisioterapeuta esclarece ainda que, no aspecto cardiovascular, ou seja, no que se refere aos treinos, não existe diferenças de um atleta com ou sem deficiências. O que existe são tipos de modalidades, que exigem algumas capacitações físicas diferentes das outras. Uma pessoa com uma deficiência de membros acaba tendo uma dificuldade maior na coordenação e destreza por exemplo. “Cabe aí uma adequação do treino para este atleta de acordo com seu nível de dificuldade. Uma mesma modalidade pode ter diferentes atletas com diferentes limitações físicas, exigindo deste outros perfis de treinamento. É somente nesse aspecto que eu vejo diferenças no treino de um paratleta”, explica Machado.
Muito mais do que mostrar superação, os atletas paralimpicos querem mostrar que treinam tanto quanto os atletas olímpicos, às vezes mais, e que são pessoas normais em busca de seus objetivos. “Queremos que as pessoas parem um pouco de ver que aquela pessoa não tem um braço ou não tem uma perna, que elas parem de ver a nossa deficiência e comecem a ver a eficiência”, disse à BBC Brasil a nadadora Susana Ribeiro, de 48 anos.
Apesar de muitas pessoas não conhecerem o esporte paralimpico e estarem sendo introduzidas a este universo esportivo agora devido aos jogos do Rio, os atletas querem que a competição seja vista como uma continuidade dos jogos olímpicos e explicam que o maior obstáculo a vencer é justamente a falta de conhecimento. “Precisamos sair das histórias pessoais dos atletas e começar a explicar para as pessoas como o esporte funciona. Não é que falte reconhecimento para os atletas no Brasil. É que os brasileiros nem conhecem os esportes”, disse à BBC Brasil o tetracampeão mundial de canoagem paralímpica Fernando Fernandes.
Com um investimento bem menor do que o destinado aos esportes olímpicos o esporte paralímpico brasileiro já é considerado “potência mundial” e vem alcançando bons resultados nos jogos do Rio. O desempenho dos atletas brasileiros colocou o Brasil na quinta colocação do quadro geral de medalhas até o momento, com algumas inclusive inéditas, como a de Alessandro Silva no lançamento de disco na classe F11, para cegos, que fez história ao levar a medalha de ouro com direito a recorde paralímpico, com a marca de 43,06m. Para Pericles, um dos fatores desse desenvolvimento é a capacidade do atleta brasileiro superar limitações com criatividade. “O para-atleta brasileiro tem ótimo desempenho em disputas internacionais, e competir em casa é um fator motivador. Faltando poucos dias para o fim das olimpíadas, acredito em um bom resultado final no quadro de medalhas”, finaliza Pericles Machado.